ARROZ, RISO E RISOTTO



Quando li no livro Mistérios do Abade de Priscos, do jornalista Fortunato da Câmara, o capítulo dedicado ao RISOTTO À MILANESA, fiquei com vontade de vos trazer este tema que é tão interessante.
Ele começa por referir que Risotto não é um tipo de arroz (riso em italiano), mas sim uma técnica de o cozinhar, que é um prato típico da região da Lombardia e Piemonte, no norte de Itália, e que se tornou conhecido no séc. XVI.
O arroz, conhecido no Médio Oriente há 5000 anos, foi divulgado na China, Índia, Vietname e Tailândia até se tornar no "pão da Ásia". No séc. V a C (antes de Cristo) cultivou-se na Pérsia e na Mesopotâmia. No séc.I  d C (depois de Cristo) já era conhecido dos Gregos e o médico Pedanius Dioscórides já o usava como medicamento e os seus ensinamentos foram aproveitados mais tarde pelos Romanos.
A entrada do arroz na Península Ibérica sem ser como medicamento, aconteceu com as invasões árabes da Andaluzia, pois eles iniciaram grandes plantações de arroz para seu alimento.
Em Portugal, só no reinado de D. Dinis (séc. XII) é que se encontram referências ao arroz que era considerado um "fruto estrangeiro" , caro e por isso reservado apenas às famílias ricas.

Nos finais do séc. XV já havia grandes campos de cultivo de arroz nas margens do rio Pó, a sul de Milão e no séc. XVI já a região da Lombardia tinha grande produção de arroz que era consumido na alimentação diária das populações.
É por essa altura que aparecem "as primeiras receitas consistentes àcerca do que viria a ser o risotto.
Uma dessas receitas é o "risotto  alla milanese".
Os grãos indicados para fazer risotto são os médios oblongos da variedade japónica, que tem características e versatilidade semelhantes ao nosso arroz carolino, que chegou a Portugal no séc. XVII vindo de uma plantação americana desenvolvida por ingleses na Carolina do Sul, daí o baptismo de carolino.
Sem querer retirar o mérito aos italianos pela forma como cozinham o arroz e pelas variedades que cultivam, também merece ser lembrado que o lusitano carolino (do Baixo Mondego e das Lezírias) é certificado com Indicação Geográfica Protegida, tal como o Riso del Delta de Pó (o indicado para fazer risotto), e permite fazer igualmente arroz de textura cremosa, tal como o nosso tradicional arroz doce." - in Mistérios do Abade de Priscos de Fortunato da Câmara.

A mais antiga receita que se parece com um risotto, foi publicada em 1570 no livro Opera por Bartolomeo Scappi, mestre cozinheiro dos Papas Pio IV e Pio V. Aí ele publica a sua receita de Arroz alla Lombarda, preparado com o caldo da cozedura de um galo capão com cervellate, um antigo enchido milanês que continha açafrão e a que se juntava açúcar, ovos, canela e os pedaços do galinácio.
Com o passar dos anos as receitas foram evoluindo, mas o tom dourado dado pelo açafrão ao risotto alla Milanese manteve-se.
"Qualquer que seja a receita, a chave para se obter um bom risotto, está no tipo de grão de arroz utilizado, na qualidade do caldo e por fim, na textura. Durante a cozedura, o caldo é absorvido progressivamente pelo arroz - obrigatòriamente de bago médio tipo japónica - , que vai libertando amilopectina, uma espécie de  goma gelatinosa que deixa os grãos num ambiente cremoso. Para se obter este resultado, o bago tem de ser resistente para ficar macio mas manter alguma firmeza. As variedades mais populares a nível internacional são o carnaroli , de grão fino para cozeduras mais longas, o vialone nano, de grão semifino para cozinhar mais rápido com ingredientes delicados como peixe ou legumes e o arboreo com um grão superfino e versátil para diferentes receitas."

Este é um pequeno resumo do livro acima referido, para quem gosta de História ou aprecia saber o come. Vale a pena lê-lo pois há muito mais que fica por dizer neste pequeno "post" sem pretensões que não sejam a sua divulgação.
Espero que tenham gostado. Desejo a todos uma óptima semana. Bjs.

Bombom

OLÁ!...



                                 Primavera na minha aldeia

Não sei se já repararam, mas com a chegada da Primavera, a Bombom andou muito sem "élan".
Mas parece que essa fase já passou e tudo vai voltando à normalidade. Deve ter sido da "astenia da Primavera", que passa normalmente com uma alimentação rica em legumes e frutas e reforçada com vitaminas.
Nesta quadra pascal não houve grandes novidades culinárias. Nunca falta o Pão de Ló, e o Cabrito Assado, mas já foram referenciados no Meu Estaminé, em anteriores ocasiões.


 Desta vez, o Pão-de-Ló foi transformado em Bolo de Morangos, com recheio e cobertura de chantilly para a sobremesa.
Houve, no entanto, dois acompanhamentos que muito me agradaram: um Arroz de Cogumelos Shitake e, noutra ocasião, um Arroz de Espargos. Só foi pena não ter tirado umas fotos!
Só por essa razão é que não vos deixo hoje a receita, mas prometo que muito brevemente voltarei a repetir e tirarei as fotos para vos mostrar. E também falaremos de Arroz ou Riso (em italiano) e ainda de Risotto.
Eu volto já! Tenham um bom Feriado.
Beijinhos da
Bombom


MOSTARDA DE GRÃOS (CASEIRA) DE DARINA ALLEN


Hoje trago-vos uma receita que fiz há cerca de um mês, antes de viajar.
É uma boa receita mas, por um LAPSO meu, o resultado foi quase um desastre culinário.
Mas primeiro vamos à receita que veio de La Cucinetta.

Mostarda de Grãos (Caseira)

De Darina Allen

2/3 de xícara de vinagre de vinho branco (de boa qualidade)
6 colheres de sopa de sementes de mostarda (amarelas e pretas)
3 ou 4 colheres de sopa de mostarda inglesa em pó
1/4 de xícara de vinagre de vinho branco
2 colheres de sopa de mel
2 colheres de chá de sal (só usei 1)

* Nota - Use vinagre de Champanhe para um resultado mais suave.

Para facilitar, faça a mistura dentro de frascos de vidro altos para poder esmagar as sementes.
1 - Coloque as sementes de mostarda dentro do frasco e cubra com a primeira porção de vinagre.
Misture, feche o frasco e deixe à temperatura ambiente por 3 a 5 dias. Quanto mais deixar macerar, mais forte será a mostarda.
2 - Passado esse tempo, abra o frasco e, com o "socador" do pilão, esmague as sementes no vinagre, tanto quanto conseguir. (É mais fácil no frasco de vidro alto do que no pilão baixo, para evitar sujeira).
3 - Junte a mostarda em pó, aos poucos, misturando bem para dissolver os grumos.
Acrescente a segunda porção de vinagre, o mel e o sal. Misture bem e prove e rectifique o sal se for necessário. Tape e conserve no frigorífico. Pode ser usado imediatamente.
Rende pouco mais de uma xícara de mostarda.


 As minhas Notas:
- Fiz a receita à risca. Usei Vinagre de Champanhe da Gallo (Modelo/Continente).
- A mostarda inglesa em pó trouxe de Inglaterra, mas cá também haver (Jumbo ou El Corte Inglês).
- Em vez do "socador" usei a varinha trituradora.
- Rendeu-me 2 frascos de 200 ml.
- Ficou saborosa, amarelinha e com alguns grãozinhos finos.


 Agora o meu LAPSO!...
Quando me preparava para tirar as fotos dos ingredientes, saltou-me à vista: Sementes de linhaça !
E fiquei com 2 frascos de Mostarda de Linhaça, (he, he) que guardei no frigorífico para não deitar fora.
Entretanto, depois de regressar, pensei que:
        - se está saborosa (a mostarda inglesa é mesmo boa);
        - se a linhaça é uma semente saudável,
então, por que não experimentar?
Já a usei duas vezes e não me arrependi, para temperar uns lombinhos de porco e num peixe assado. Qualquer deles foi muito aplaudido pelo Provador Oficial do Meu Estaminé, que nem sonha que estava a comer Mostarda de Linhaça!
E fica o conselho: verifiquem sempre o nome das sementes, antes de usarem.

Boa semana! Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

AINDA LONDRES ... THE 4TH PLINTH OU O 4° PILAR

                O 4° Pilar, local de Exposição de Esculturas Modernas Temporárias

Devem estar lembrados do meu comentário aqui, (http://receitasdatiafatima.blogspot.pt/2014/04/londres-em-dias-de-sol.html) , quando confessei que tinha ficado surpreendida com "este grande Galo, a destoar por completo" na Praça de Trafalgar".
Foi então que uma leitora residente em Londres a quem mais uma vez agradeço publicamente, fez o favor de me deixar um comentário em que me dizia que esse 4° Pilar estava vazio e que foi aproveitado para Exposições Temporárias de Escultura Moderna e convidava-me a fazer uma pesquisa em The Fourth Plinth.
Isto só confirma o Ditado que diz "A ignorância é atrevida", (neste caso, a minha)!

                          Trafalgar Square com o edifício da National Gallery em fundo

Fiquei então a saber que o 4° Pilar estava destinado à Estátua Equestre de William IV, mas como não se conseguiram os fundos necessários para a mandar fazer, o pedestal ficou vazio durante 150 anos.
Em 1998 a Royal Society of Arts tomou a iniciativa de apresentar um Projecto para o 4° Pilar (The Fourth Plinth Project) e no ano seguinte (1999) fez-se a primeira Exposição Temporária de Escultura Contemporânea, sobre o pilar vazio.
O Galo Azul como lhe chamei, "a domestic farmyard cockerel saturate in intense ultramarine blue", feito em acrílico, tem mais de 4 m de altura e é da autoria da escultora alemã Katharina Fritsch e foi inaugurada em Julho de 2013.
Actualmente, o Fourth Plinth Programme é o mais conhecido dos Prémios de Arte Contemporânea do Reino Unido. É presidido pelo Mayor de Londres (Presidente da Câmara) que faz parte da Greater London  Authority .
Para esse Prémio, Artistas de classe mundial são convidados a fazer trabalhos de escultura "monumentais e que causem admiração". Posteriormente, a Greater London Authority escolhe o melhor para ser exposto no 4° Pilar.
Em Fevereiro deste ano, foram anunciados os vencedores para 2015 e 2016, respectivamente Hans Haacke e David Shringley.

Agradecimento: Muito obrigada, S. Denise Silva pelo seu útil comentário, sem o qual eu não teria aprendido tanto. Bem Haja!

Desejo a todos um feliz fim de semana.
Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

BRITISH MUSEUM - LUGAR DE ENCONTRO DE POVOS E CIVILIZAçÕES

                       Museu Britânico ou British Museum

Não sei se sabem, mas em Inglaterra os Museus do Estado são de entrada gratuita. 
Só se paga para visitar as Colecções Temporárias. 
Lá, a Cultura não tem preço! 
Há, no entanto, umas caixas  em acrílico idênticas às que vi nos EUA, onde as pessoas são convidadas a deixar os seus donativos pois, como calculam, um Museu dá grandes despesas (manutenção e limpeza, restauro, electricidade, pessoal, etc.).
Este Museu é um Mundo! Não se consegue ver tudo num dia.
De manhã vimos as salas dedicadas à China e o Sul e Sudeste Asiático.


As fotos que trouxe de recordação não ficaram boas devido à luminosidade das salas, mas deixo-as aqui para vos darem uma ideia dos tesouros ali guardados.

 
Nesta galeria dedicada à Ásia, encontram-se muitas esculturas de Deuses da Índia, Tailândia, Srilanka (Shiva, Buda, etc).



 Almoçámos numa das várias Esplanadas e Cafés que o Museu possui e depois visitámos a galeria do Antigo Egipto.


Este é o busto gigantesco de um Faraó.
Na galeria da Grécia Antiga e Roma, visitámos as salas dedicadas ao Parténon.

                           Réplica do Parténon

Quando estivémos na Grécia e visitámos o Parténon que actualmente está muito destruído e em reconstrução parcial, soubémos que as estátuas e painéis que o decoravam se encontravam no Museu Britânico. (Quando os Turcos Otomanos dominaram a Grécia, venderam ao desbarato estas relíquias aos ingleses).


Estas estátuas foram destruídas durante as Guerras Pérsicas e os Painéis que decoravam o Parténon, representam cenas dessas guerras.


Aqui, o Soldado grego luta com o Minotauro que simboliza o poderoso exército persa.
E a nossa visita guiada está a terminar. Muito mais há para ver, mas fica para a próxima!!!

Beijinhos da

Bombom (Tia Fátima ou Avó Fátima)

 

LONDRES EM DIAS DE SOL!


               O  Big Ben, ex-libris da cidade de Londres

A segunda semana de Março em Londres, foi "de encomenda". Dizia-me a minha nora que já lá vive há meia dúzia de anos que não se lembra de uma semana inteira sem chover. Deve ter sido pelas boas graças de São Pedro!

                    Catedral de Westminster

Desta vez passeámos um pouco mais e visitámos alguns Museus. 
Hoje ofereço-vos algumas fotos dos sítios mais emblemáticos que registei nalguns passeios a pé e numa viagem de autocarro "sight seeing" para turistas, que fizémos e que muito aconselho pois permite fazer uma ideia do mapa da cidade e dos locais que preferimos visitar depois.

               Casas do Parlamento (Houses of Parliament)

Março a Junho são os melhores meses para se visitar Londres. Mesmo assim, se repararem nas fotos, não se consegue uma sem que apareçam montes de pessoas e um tráfego intensíssimo.

                                     Piccadilly Circus

Londres tem uma população da ordem dos 10 a 12 milhões. Se lhe acrescentarmos os milhares que residem nos arredores e diàriamente entram na cidade assim como os milhares de turistas  que a visitam, podemos fazer uma ideia do movimento, do barulho, do pulsar de vida que se sente. E nos meses de Julho e Agosto, com a vinda dos turistas em férias, é um caos, com filas para entrar em Museus, Palácios, Castelos ou Catedrais.

                                  Trafalgar Square

Na Praça de Trafalgar homenageia-se Lord Nelson, vencedor da batalha de Waterloo contra Napoleão.
Em volta estão as estátuas equestres de outros generais importantes. Ao fundo, fica situada a National Gallery.
O que mais me surpreendeu (não estava lá da primeira vez que lá fui), foi a nova estátua que o Mayor de Londres lá meteu, vá-se lá saber porquê!!!

                     Estátua em acrílico de uma escultora alemã

Isso mesmo, "um grande Galo" a destoar por completo neste local que faz honras a vários heróis de guerra nacionais...


 Para finalizar, vamos até ao Tamisa com as muitas pontes que fazem a ligação entre o West End e o East End e em que o trânsito se faz geralmente num só sentido.



Atravessa-se esta ponte a caminho de St. Pauls Cathedral e da Torre da BBC.


                                              Torre da BBC

E como o passeio já vai longo, vou terminar por aqui. Espero que tenham gostado.
Saudades e beijinhos da

Bombom